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segunda-feira, 5 de março de 2012

CRIANÇAS QUE DESENVOLVEM AUTISMO JÁ APRESENTAM ALTERAÇÕES NO CÉREBRO ANTES DO PRIMEIRO ANO DE VIDA


Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, observaram que crianças com alto risco de desenvolver autismo já apresentam diferenças significativas no desenvolvimento do cérebro a partir dos seis meses de idade. O estudo, que foi publicado nesta sexta-feira, 17/02/2012,  no site do periódico American Journal of Psychiatry, sugere que o desenvolvimento da doença durante a infância possa ser identificado, e tratado, com antecedência.

Na pesquisa, foram analisadas 92 crianças. Todas tinham irmãos mais velhos com autismo e, portanto, tinham grandes chances de também desenvolver o distúrbio, segundo os especialistas. Aos seis meses de idade, os participantes haviam feito imagem por tensor de difusão do cérebro, que é um tipo de ressonância magnética, e, aos dois anos, avaliações comportamentais. A maioria ainda havia feito imagens cerebrais adicionais quando tinham um ou dois anos. Após a avaliação comportamental, 30% das crianças demonstraram ter autismo.

Os autores do estudo observaram que as crianças que desenvolveram autismo apresentaram, nos exames que fizeram aos seis meses de idade, um desenvolvimento diferente das fibras presentes na substância branca, que é um dos componentes do sistema nervoso central. Essas fibras nervosas são vias que conectam as regiões do cérebro umas com as outras.

"É uma descoberta promissora", afirma Jason Wolff, um dos autores do estudo. "Isso sugere que o autismo é um fenômeno de todo o cérebro, e não somente de alguma região particular. Embora ainda seja preliminar, é um grande passo para começarmos a pensar em desenvolver um marcador biológico que preveja o risco de uma criança ter autismo mais cedo do que somos capazes de fazer atualmente."

De acordo com Wolff, esses resultados também sugerem que o autismo não aparece de repente nas crianças, mas se desenvolve ao longo da infância. "Isso levanta a possibilidade de que talvez seja possível interromper esse processo com uma intervenção médica adequada", diz o pesquisador.


VEJA. Crianças que desenvolvem autismo já apresentam alterações no cérebro antes do primeiro ano de vida. Editora Abril. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/criancas-que-desenvolvem-autismo-ja-apresentam-alteracoes-no-cerebro-antes-do-primeiro-ano-de-vida

ADULTOS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM GRAVE PODEM TER AUTISMO



Adultos que apresentam deficiências de aprendizado moderada a severa têm mais chances de serem autistas. O alerta foi dado em 01/02/2012 no relatório publicado no site do Centro de Informações do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra. Segundo o documento, cerca de 60% dos homens e 43% das mulheres com a deficiência em níveis severos são também portadores de autismo não diagnosticado.

No levantamento, foram coletados registros de adultos com deficiência de aprendizagem em Leicester, Lambeth e Sheffield, na Inglaterra, de agosto de 2010 a abril de 2011. Os voluntários estudados viviam com os pais ou outros familiares ou ainda em centros comunitários. “Ficamos surpresos com a quantidade de adultos com deficiência de aprendizagem de moderada para cima que tinham autismo. As estimativas anteriores apontavam para números muito mais baixos”, diz Terry Brugha, professor de psiquiatria da Universidade de Leicester e coordenador do estudo.

Segundo Brugha, cerca de 60% dos homens e 43% das mulheres com deficiência severa têm autismo. “Parece surpreendente também a quantia que ainda vive com familiares e pode representar um fardo: 42% dos homens e 29% das mulheres com a deficiência severa que dependem de parentes, e vivem com eles, têm autismo”, diz a especialista.

De acordo com Sally-Ann Cooper, professora da Universidade de Glasgow e participante da pesquisa, as estatística de rotina - tanto da deficiência de aprendizado, quanto sobre o autismo - não haviam levado em conta pessoas que têm os dois problemas concomitantemente. “Nosso estudo demonstra claramente que quanto mais severa a dificuldade de aprendizado do adulto, maiores as chances dele também ter autismo.”


VEJA. Adultos com dificuldade de aprendizagem  grave podem ter autismo. Editora Abril. Disponível em:   http://veja.abril.com.br/noticia/saude/adultos-com-dificuldade-de-aprendizagem-grave-podem-ter-autismo.



quinta-feira, 1 de março de 2012

A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS



Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou efeito de incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, econômica e política, assegurando  o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público. 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para todos, isto é, os chamados direitos humanos ou da cidadania: 

* Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à igualdade perante lei; à livre crença religiosa; à propriedade individual ou em sociedade; e o direito de opinião (Art. 3° ao 19). 

* Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; direito de participar do governo; direito de votar e ser votado (Arts. 20 e 21). 

* Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o desemprego; à remuneração que assegure uma vida digna, à organização sindical; e direito à jornada de trabalho limitada (Arts. 23 e 24). 

* Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à previdência e assistência; à educação; à cultura; e direito à participação nos frutos do progresso científico (Art.25 ao 28). 

Esses direitos foram conquistados arduamente nos últimos 200 anos. Contudo, segundo as condições históricas de cada país, podem ser descumpridos ou bastantes fragilizados, o que indica que o esforço do Estado e da Sociedade por sua vigência deva ser permanente. Uma coisa é certa: para fortalecê-los entre nós, a Sociedade e o Estado brasileiros devem agir com base no princípio da associação interdependente dos direitos, isto é, o cumprimento efetivo de um depende do cumprimento dos outros. Por exemplo, o direito à igualdade perante a lei depende do direito de votar e ser votado, o qual está por sua vez associado ao direito de opinião aos direitos à educação e à saúde. 

Quando isto não ocorre, os direitos de todos perdem as suas forças e, em conseqüência, os direitos específicos das pessoas com deficiência também. Ora, se o direito universal à saúde não está associado aos demais e além disso, é cumprido de modo insuficiente pelo Estado, o direito à saúde específico das pessoas com deficiência igualmente será fragilizado ou mesmo negado.

Portanto a inclusão social tem por base que a vigência dos direitos específicos das pessoas com deficiência está diretamente ligada à vigência dos direitos humanos fundamentais. Em virtude das diferenças que apresentam em relação às demais, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais a serem satisfeitas. Tal fato significa que: 

• Os direitos específicos das pessoas com deficiências decorrem de suas necessidades especiais; 

• É preciso compreender que as pessoas não deficientes e as pessoas com deficiências não são “iguais”. 

• O exercício dos direitos gerais bem como  nos direitos específicos destas últimas está diretamente ligado à criação de condições que permitam o seu acesso diferenciado ao bem-estar econômico, social e cultural. 

Assim orientada, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu, em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiências. Ponto de chegada de uma luta histórica de entidades nacionais e internacionais e, em particular, das próprias pessoas com deficiências e de suas organizações, a Declaração tornou-se, em todo mundo, o ponto de partida para a defesa da cidadania e do bem-estar destas pessoas, assegurando os seguintes direitos: 

• O direito essencial à sua própria dignidade humana. As pessoas com deficiência, independente da origem, natureza e gravidade de suas incapacidades, têm os mesmos direitos que os outros cidadãos, o que implica no direito de uma vida decente, tão normal quanto possível; 

• As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos civis e políticos dos demais indivíduos. O parágrafo 7° da Declaração dos Direitos do Deficiente Mental indica a possibilidade de limitar ou de suprimir tais direitos no caso das pessoas com deficiência mental; 

• O parágrafo 7 da Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas estabelece: “Sempre que pessoas mentalmente retardadas forem incapazes devido à gravidade de sua deficiência de exercer todos os seus direitos de um modo significativo ou que se torne necessário restringir ou denegar alguns ou todos estes direitos, o procedimento usado para tal restrição ou denegação de direitos deve conter salvaguardas legais adequadas contra qualquer forma de abuso. 

Este procedimento deve ser baseado em avaliação da capacidade social da pessoa mentalmente retardada, por parte de especialistas e deve ser submetido à revisão periódica e ao direito de apelo a autoridades superiores”; 

• As pessoas com deficiências têm o direito de desenvolver capacidades que as tornem, tanto quanto possível, autoconfiantes; 

• O direito ao tratamento médico, psicológico e reparador, incluindo próteses e órteses, visando a sua reabilitação, bem como o acesso a serviços que as habilitam a desenvolver capacidades voltadas para sua integração ou reintegração social; 

• As pessoas com deficiência têm o direito à segurança social econômica e a um nível de bem-estar digno. Elas têm o direito, segundo suas capacidades, ao emprego ou de participar de ocupação útil e remunerada; 

• O direito a que suas necessidades especiais sejam incluídas no planejamento econômico e social; 

• As pessoas com deficiência têm o direito de viver com sua família e de participar das atividades sociais. Elas não serão submetidas, mesmo em suas residências, a tratamento diferente (discriminatório) que não seja o necessário para melhorar o seu bem-estar. Se a sua permanência em instituição especializada for indispensável, o ambiente e as condições deverão ser as mais próximas da vida normal; • O direito à proteção contra toda a exploração e todo o tratamento discriminatório, abusivo e degradante; 

• As pessoas com deficiência têm o direito ao apoio jurídico qualificado quando tal apoio mostrar-se indispensável para sua proteção. Se processos judiciais forem estabelecidos contra elas, o procedimento legal respeitará as suas condições físicas e mentais; 

• As organizações das pessoas com deficiência devem ser consultadas em todos os assuntos que dizem respeito aos direitos mencionados; 

• As pessoas com deficiência, suas famílias e a comunidade devem ser plenamente informadas, pelos meios apropriados, dos direitos contidos na Declaração. Pode-se perceber que a inclusão social das pessoas com deficiência depende do seu reconhecimento como pessoas, que apresentam necessidades especiais geradoras de direitos específicos, cuja proteção e exercício dependem do cumprimento dos direitos humanos fundamentais. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Equino como instrumento terapêutico

É reconhecido o valor do cavalo na vida do homem. Nos primórdios, quando domado, foi um eficaz e veloz meio de transporte. Ainda nos primórdios foi um poderoso instrumento de guerra. Hoje, o hipismo e a equitação são as mais caras e elegantes modalidades esportivas, onde a interação homem-animal se dá de forma apurada e exigida. Nesta interação acontecem alguns processos internos, observados por alguns estudiosos.
Assim, em suas hipóteses Jung falava em sensações sobre a égide da exacerbação da auto estima; Winnicott considerava o cavalo um potente objeto transferencial que facilitaria novas vivências e experiências, todas realizadas em forma de troca.

Em equoterapia, o equino é usado como agente cinesioterapêutico, pedagógico e inserção social, facilitando a nova adequação ambiental, necessária ao desenvolvimento do portador de necessidades especiais. Suas andaduras naturais - passo, trote e galope - são potentes instrumentos cinésios. O passo é o mais utilizado em equoterapia, por ser mais ritmado e dinâmico, adequado aos portadores de limitações físicas que se permitem ver em deslocamentos cujas sensações produzidas são de auto movimentações. A simetria da deambulação equina produz importantes reações do equitador e todas duradouras enquanto persiste o exercício e lembradas de forma psicológica após os mesmos.

Outras andaduras do cavalo, o trote e o galope são movimentos saltados. Isto quer dizer que, entre o lance e outro, seja de trote ou de galope, o cavalo executa um salto. Existe um tempo em suspensão em que ele não toca com seus membros no solo; em consequência, seu esforço é maior, seus movimentos mais rápidos e bruscos e quando ele retorna ao solo. exige do cavaleiro mais força para segurar e um maior desenvolvimento ginástico para poder acompanhar os movimentos do animal. Por isso, estas andaduras só poderão ser usadas em equoterapia com praticantes em estágio mais avançado.
A primeira manifestação, quando o indivíduo está a cavalo, é o ajuste tônico. Na verdade, o cavalo nunca está totalmente parado. A troca de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados, as flexões da coluna, o abaixar e alongar do pescoço impõem ao cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder aos desequilíbrios provocados por esses movimentos. O ajuste tônico torna-se rítmico com o deslocamento do cavalo ao passo. Este ritmo se situa numa frequência que pode variar entre 40 a 78 batidas por minuto, que terá uma utilização terapêutica, conforme a necessidade patológica do praticante, determinando uma mobilização ósteo-articular que facilita um grande número de informações proprioceptivas, que provêm das regiões articulares, musculares, periarticulares e tendinosas, provocando na posição sentada sobre o cavalo, novas informações, bastante diferentes das habituais que são fornecidas à pessoa na posição em pé, sobre os pés. Essas informações proprioceptivas novas, determinadas pelo passo do cavalo, permitem a criação de esquemas motores novos. Trata-se, nesse caso, de uma técnica particularmente interessante da reeducação neuro-muscular.

A adaptação do praticante ao ritmo do passo do cavalo, exige contração e descontração simultâneas   dos músculos agonistas e antagonistas. Por outro lado, o efeito do movimento tridimensional do dorso do cavalo, somando aos multidirecionais determinam uma ação, produzida pelo movimento e o ritmo do seu passo, que tornam o cavalo um instrumento cinesioterapêutico.

Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano. Ao deslocar-se, exige do praticante ajustes tônicos para adaptar seu equilíbrio a cada movimento. Outro aspecto da utilização do cavalo como instrumento terapêutico é sua função de objeto intermediador entre o praticante e o terapeuta: o cavalo atua não apenas como um espelho, onde são projetadas as dificuldades, progressos e vitórias, mas também como um novo estímulo que propicia novas percepções e vivências. Cavalgar neste animal dócil, porém de porte avantajado, leva o praticante a experimentar sentimentos de liberdade, independência e capacidade, sentimentos estes importantes para a aquisição da autoconfiança, realização e auto estima.

Com todas estas informações poderemos dividir as características do cavalo em cinco etapas que são: o movimento tridimensional do dorso do cavalo, que ajuda a fornecer imagens cerebrais sequências e impulsos importantes para se aprender ou re-aprender a andar, o movimento rítmico-balançante, que vai estimular o metabolismo, regular o tônus e melhorar os sistemas cardiovasculares e respiratório, o movimento e a mudança de equilíbrio constante que irá estimular o sistema vestibular e solicitando uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação, imponência e altura do cavalo que desenvolve a coragem, a autoconfiança, a concentração, o sentimento de independência e, por último, a docilidade e o contato com o cavalo, que desenvolve a calma, a capacidade social e a comunicação.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

EQUOTERAPIA E FONOAUDIOLOGIA


A Equoterapia vem proporcionando excelentes resultados no que diz respeito a aprendizagem, memorização, concentração, cooperação, socialização, organização do esquema corporal, aquisição das estruturas têmporo-espaciais, além de estimular o equilíbrio e regular o tônus muscular.


Mas, o que é Equoterapia?

A Associação Nacional de Equoterapia (ANDE - BRASIL) em 1999, define essa terapia como "(...) um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar na áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais".

Na Equoterapia o cavalo envia informações sensoriais ao praticante que por sua vez busca respostas adaptativas apropriadas a estes estímulos. O objetivo não é ensinar técnicas de equitação específica e sim estabelecer melhores funções neurológicas e melhor processamento sensorial.

A utilização do cavalo, como instrumento terapêutico nos proporciona um movimento que é tridimensional, variável, rítmico e repetitivo. A variedade de movimentos disponíveis pelo cavalo favorece o terapeuta a graduar a quantidade de informações sensoriais a serem enviadas ao praticante, associadamente a outras técnicas terapêuticas para chegar a um objetivo comum.

Mas como essas informações sensoriais podem de fato ajudar? 

O conhecimento é algo estabelecido através de conexões (sinapses) realizadas entre os neurônios. As informações chegam ao cérebro de forma "pulverizada" (em várias regiões ao mesmo tempo) através de vias de input e essas informações "marcam" redes neuroniais. As "marcas" são feitas pelas sinapses através de estímulos como desafios, novas situações, adaptações, etc. Neurônios estimulados e utilizados, fixam-se como instrumento do pensamento durante um período crítico e, com isso, fazem novas conexões para que outras informações sejam armazenadas. As conexões formadas podem levar a uma mudança na arquitetura cerebral o que causa uma série de novos ajustes, dando-se, assim, o desenvolvimento do cérebro. Os neurônios aumentam ou diminuem sua atividade, de acordo com a excitação ou inibição de impulsos elétricos com outros neurônios a eles conectados. (Cielo, 1998).

Conforme o tipo de informação recebida por um neurônio, ele se "especializará" naquele tipo de informação, produzindo um determinado neurotransmissor, o qual, vai reagir de determinada forma para aquele estímulo. Desta forma, o cérebro se molda de acordo com o padrão formado pelas redes de neurônios e é capaz de juntar, sempre que necessário, os fragmentos de informações em uma imagem mental, a qual, podemos identificar. (Damásio, 1998).

A partir daí, podemos fazer a ligação com a Equoterapia, no momento em que as adaptações fazem parte desta terapia, pois, os circuitos cerebrais "(...) não são apenas receptivos aos resultados da primeira experiência, mas repetidamente flexível e suscetíveis de serem modificados por experiências contínuas. Alguns circuitos são remodelados várias vezes ao longo da vida do indivíduo, de acordo com as alterações que o organismo sofre (Damásio,1998).

Assim, podemos ter, na Equoterapia, uma criança com dificuldade de equilíbrio. Durante a sessão, existe a necessidade de manter-se equilibrada sobre o dorso do cavalo. A necessidade de equilíbrio também aparece quando precisamos transferir o peso de uma perna para a outra, para andarmos. As conexões feitas para haver equilíbrio são provalvemente, as mesmas, porém, se modificam de acordo com a necessidade do momento. Isso se dá por acreditar-se que a marcação das redes ocorre em função da estimulação constante, a qual, quando ativada, forma um padrão de ativação elétrica correspondente àquela informação solicitada (Avila).

Enquanto estamos montando, o cérebro está em constante atividade para que os ajustes posturais, motores, respiratórios, etc, sejam feitos. Isso coloca o praticante em alerta e sua atenção trabalha a nosso favor, permitindo que sejam feitas as estimulações necessárias.

E o que tem a ver a Fonoaudiologia com tudo isso? 

No acaso da Fonoaudiologia, procura-se propor situações de comunicação. Aproveitando o cavalo e o ambiente terapêutico diferenciado, podemos trabalhar desde o aumento do vocabulário até, em casos mais graves, gestos comunicativos.

Para que ocorra a produção da fala também é necessário a adequação do tônus postural, ritmo, posicionamento correto de cabeça e corpo, sem esquecer a importância da coordenação fono-respiratória. E é o movimento tridimensional que o cavalo produz que influenciará diretamente nestes músculos, controlando a postural, os músculos da cavidade oral, os músculos da laringe e a respiração.

Além disso, como já citado anteriormente, no momento em que estamos cavalgando, ocorre uma intensa atividade sináptica, e com os sinais de input e autput ocorrendo a todo momento, as informações às quais o praticante está exposto, fixam-se nas redes com maior facilidade.
Através destas explicações pode-se agora entender o porque que a Equoterapia vem proporcionando excelentes resultados beneficiando vários portadores de deficiências e/ou necessidades especiais.



MACEDO, Karina Cury C. Equoterapia e Fonoaudiologia. www.equoterapia.com.br. Disponivel em: http://www.equoterapia.com.br/artigos/artigo-10.php

O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS

A moderna psicologia prefere chamar o portador de deficiência física e/ou mental de indivíduos portadores de necessidades especiais. A pedagogia, de forma correta e adequada, acompanha o rótulo da Psicologia.

Ao pé da letra é quase impossível para a psicologia estabelecer o limite entre o considerado normal e o ser especial. Não é nosso objetivo também, estabelecer este limite, visto que os critérios destas ciências se fundamentam em padrões que foram sistematizados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera como saúde o bem estar físico, psíquico e social e cada uma destas estruturas, para a psicologia, tem o mesmo valor, pois este equilíbrio é que permite a boa qualidade de vida.

Estabelecidas estas convenções e para efeito de sistematização e limite, vamos considerar aqui nesse texto, que o portador de necessidades especiais é o AUTISTA.

Entre as pluralidades similares dos autistas, a que mais se destaca é a difícil ou pouca em comunicabilidade. Isto ocorrendo todo o processo envolvido no relacionamento estará comprometido ou interrompido.

A comunicação comprometida interfere no processo relacional e a psicologia afirma que relacionar-se com o outro significa que estamos entrando em contato conosco. Fica claro aqui a nossa dependência do outro ou dos outros e aqui envolvem-se o meio ambiente e o ambiente social.

Somos próximos para a Biologia que nos separa em gêneros e espécies e a deformação social nos separa em classes. A nossa dependência é a nossa diferença dos irracionais que a tem de forma limitada. Nosso limite de dependência do outro é por assim dizer permanente e depende sempre do nosso grau de autoconfiança, que por sua vez depende do nosso grau de auto estima.

Ressalta-se, portanto, que o processo de autoconfiança é um processo e como tal pode e deve ser desenvolvido de forma perene e até os nossos últimos dias. A utilização do método da equoterapia favorece este desenvolvimento, principalmente nos portadores de necessidade especiais.